E aí, tudo bem contigo? Um tempo atrás eu escrevi sobre as vantagens de se fazer um diário, como começar um e mais um monte de dicas. Leia lá, vai te ajudar.
Mas espera, eu tenho mais uma dica pra compartilhar sobre manter um diário e obter os benefícios todos que listei no outro post. Porque tipo, uma diário que nunca recebe pensamentos não beneficia ninguém. Então beleza, qual a minha dica para você nunca largar o seu diário?
Ele não precisa ser estruturado. Okay, vou explicar.
Quando eu comecei o meu diário, eu passei por uma fase que eus ueria aprender as “regras”para fazer. Lembra do Bullet Journal? Eu lembro. Sai aprendendo os símbolos e metodologias todas. Deu uns meses e isso foi por água abaixo. Daí eu criei minha própria metodologia - eu fazia uma página para cada dia, e tinha certos campos que eu sempre anotava, e tinha um formato que eu criei e ia modificando e…
E os dias que não tinha o suficiente para justificar uma página ficavam meio vazios, e ai eu pulava vários dias e ficava uns buracos no diário, e eu tinha que “tirar um tempo”para fazer o diário bonitinho na estrutura certa. Aí a vida ficou difícil e eu larguei por um tempão e quando fui retomar estava tudo incompleto.
Precisa de nada disso não. Descobri que um diário não precisa de estrutura nenhuma. Eu só abro ele, e ponho o papel na caneta, digo, caneta no papel, assim que me ocorre algo, no espaço logo abaixo da última entrada.
Acordei com sonho louco? Escrevo ele no diário e analiso — as vezes na hora, as vezes dias depois, as vezes nunca. Vi um video interessante? Anoto as dicas do vídeo. Lembrei que tenho de fazer isso e aquilo? Abro uma to-do no papel, ali embaixo da anotação anterior. Deu vontade de desenhar? Desenho. Sai da sessão de terapia? Abro o diário e anoto como foi, os insights, o que aprendi. As vezes escrevo sua frases, as vezes escrevo todo um conto, as vezes não escrevo nada no dia, e da próxima vez, escrevo de novo. A única regra que passei a adotar é colocar a data quando é a primeira vez no dia que to escrevendo, mas mesmo isso é nem sempre.
O diário virou um registro do meu fluxo de consciência. Para usar a expressão de um YouTuber, virou meu “brain dump”. Não tem estrutura predeterminada, é apenas um registro do que vai pela minha mente, liberando espaço dentro dela permitindo análise e referência posterior, um rascunho mental da minha vida interna e externa.
E isso tem múltiplas vantagens: você vê padrões emergindo, você passa a limpo as ideias que garimpou no meio do fluxo mental e pode publicar (como esse post aqui), mas mais que isso, você cria espaço. Uma mente que tenta reter tudo dentro de si é uma mente ansiosa.

E você não precisa “tirar um tempo” para fazer seu jornal. Eu tenho ele sempre comigo. Para isso, escolhi um num tamanho que é portátil para mim. Ocorreu algo, só puxar e escrever. Sabe que nem eu fazia quando estava na mídia social? Tipo isso, só que no papel e de maneira privada — o que te dá liberdade para ser você no papel, sem censuras internas ou externas, a priori ou a posteriori. É um rascunho, certo? A estrutura vem depois, em outra mídia, baseada no rascunho, se, e apensas se, você quiser.
Se você precisa ouvir isso de alguém, aqui vai: eu te dou permissão para fazer um diário desestruturado. Pronto. Você pode escrever só duas linhas depois de uma reunião dizendo “reunião mala, preciso de um café” e ser essa a sua única entrada do dia.Pode contar sonho sem medo de alguém achar chato. Pode abrir e contar coisas que você só conta para a sua terapeuta. Pode desenhar um ursinho azul e por carimbo de florzinha e usar caneta de cheirinho mesmo que você seja um homem barbado de mais de cinquenta anos.
(*Cof*. *Ahem*. Eu? Não sei do que você está falando).
Assim fica fácil de manter. Porque seu diário esta sempre contigo e ele não tem uma estrutura que você precisa aprender ou seguir. Ele é seu, e só seu, e você faz como bem entender.
Ah, e se no fim das conta você quiser sim tirar um tempo para escrever nele, indo para um café bacana para escrever ouvindo música e vendo pessoas em volta num tempo só seu, pode também. Pode um e pode o outro. Só faz.
Vai lá.
Pronto, era essa a dica. Se você me acompanha e estava sem notícias minhas desde que avisei que iria dar um tempo, uma nota rápida: primeiro, obrigado pela preocupação. Eu ainda não estou pronto para retomar a vida pública full on. Sigo meu processo de cura e aprendizado, e sempre que puder, irei compartilhar o que aprendi para talvez lhe ajudar também. É o que sempre fiz e o que amo fazer. Não há risco de isso mudar - apesar de sempre haver mudança na intensidade e frequência, conforme meu momento. Como diria o filósofo Lulu Santos: A vida vem em ondas como o mar. A gente se fala ainda. Com amor,
Daniduc.